09/01/2023

Review: A Pedra da Lua - Wilkie Collins

A Pedra da Lua A Pedra da Lua by Wilkie Collins
My rating: 5 of 5 stars



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Olá!

Esse livro faz parte do meu desafio de leitura de 2023. Foi sugerido em um dos grupos que faço parte aqui do GOODREADS e como foi comentado sobre ser, possivelmente, "O PAI DOS LIVROS POLICIAIS E DE MISTÈRIO", não me fiz de rogada e fui lá conferir, pois sou da turma que gosto de "ver a origem das coisas" e não me decepcionei.

É um livro grande, cheio de narrações e "testemunhas" do mistério, um enredo intrincado, que realmente se resolve a menos de 2 capítulos do final.

Recomendo, para quem como eu, lê Agatha e Conan Doyle, pois fica bem claro as influências que cada um recebeu de Wilkie... apreciem.

Escolhi a resenha a seguir, pois o Mateus Leme descreve bem as emoções que se passa em quem se aventura pelas páginas de "Pedra da Lua".


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“A Pedra da Lua”: uma excelente surpresa por Mateus Leme 
https://bibliotecabasica.wordpress.com/

Contrariando os pessimistas de plantão, algumas vezes parece que a vida decide presentear-nos com surpresas agradáveis. Pode ser um restaurante excelente e barato que descobrimos por acaso em uma cidade do interior, algo que dá inesperadamente mais certo do que deveria, ou mesmo alguém que conhecemos em uma circunstância improvável e que acaba tornando-se um grande amigo. Fui recentemente vítima de um desses mimos do universo, que me pôs nas mãos um livro extraordinário: A Pedra da Lua, de Wilkie Collins. Depois de lê-lo, sinto que tenho o dever de gratidão de ajudar a divulgá-lo, pelo menos com uma resenha.

É provável que vocês nunca tenham ouvido falar sobre William Wilkie Collins. Eu leio um bocado e também nunca tinha ouvido. Na verdade, nem lembro muito bem como é que este título foi parar na minha lista de livros para ler, nem como foi que o selecionei meio ao acaso para ser o próximo que leria. Mas é algo que agradeço à minha boa estrela, pois foi uma das melhores escolhas que fiz neste ano.

Wilkie Collins não é um autor novo. Viveu na Inglaterra na segunda metade do século XIX. Quando fui investigar, descobri que era um dos maiores amigos de Dickens, e que ambos influenciaram muito um ao outro. Foi o bastante para deixar-me interessado, e resolvi dar uma chance para o livro.

A Pedra da Lua não é — como o nome poderia sugerir — nenhuma história de ficção científica. Pelo contrário, é provavelmente o primeiro romance policial dos tempos modernos, precedendo em quase 20 anos Conan Doyle e seu Sherlock Holmes. A Pedra da Lua do título é na verdade um enorme diamante indiano, outrora usado em um culto a Chandra, o deus da Lua — daí o nome — e guardado constantemente por três sacerdotes. Algumas décadas antes dos eventos narrados no livro, o diamante foi roubado durante uma batalha por um oficial inglês e levado para a Inglaterra. O livro conta a história de como o fatídico diamante foi deixado em herança para Rachel Verinder, a sobrinha deste oficial, e como de repente a joia desaparece, em circunstâncias misteriosas.

A partir daí, o mistério vai pouco a pouco sendo revelado, ao longo de mais de 400 páginas, nas quais o autor consegue manter uma extraordinária sensação de suspense constante.

O ritmo do livro é excelente. Cada descoberta leva o seu tempo, e revela apenas uma parte minúscula da verdade, de modo que o leitor vai construindo a trama aos poucos em sua cabeça, mas sem se cansar. É quase comprido demais, mas não ultrapassa o limite: quando parece que você vai começar a cansar, surge uma informação nova e reacende o interesse. Este é um autêntico mérito do autor, considerando o tipo de história de que se trata. Mesmo grandes escritores policiais posteriores raramente fizeram uso de textos tão longos.

O texto torna-se ainda mais interessante pela curiosa alternância de narradores. Para narrar a história, Collins faz com que diversos personagens escrevam seus relatos individuais sobre os acontecimentos, cada um com seu estilo próprio. Assim, temos figuras marcantes como o velho mordomo Gabriel Betteredge, com suas impagáveis — e bastante dickensianas — considerações sobre a vida e sua curiosa devoção quase mística por Robinson Crusoé — que ele consulta como se fosse o quinto Evangelho —; Drusila Clack, a prima pobre dos Verinder, evangélica fanática e incansável; o melancólico e misterioso Dr. Jennings, e muitos outros.

Enfim, como dizia no começo, este é um livro relativamente desconhecido. Mas acredito que merece ser incluído em uma lista de biblioteca básica: primeiro, pela antiguidade do autor e seu relacionamento próximo com Dickens; depois, pelo interesse que lhe cabe por ser o primeiro romance policial da era moderna; e por último, e como razão mais importante, porque é de fato muito bom: você não vai se arrepender!

Acrescento um comentário de Lívia: Considero A Pedra da Lua um livro fascinante em vários aspectos que vão muito além do enredo (o qual e fascinante também). Gostei das suas considerações sobre a alternância de narradores. Eu costumo chamar Wilkie Collins de “o rei da primeira pessoa” porque ele sempre apresenta suas personagens em suas próprias vozes, na primeira pessoa. E seja a pessoa um mordomo excêntrico, um advogado sisudo, uma moca da alta sociedade ou a evangélica fanática Drusila Clack, a primeira pessoa de Wilkie Collins é sempre convincente. Na minha opinião escrever em primeira pessoa e extremamente difícil, pois o autor tem de se despir do seu “eu” e vestir completamente o eu da personagem. Isso não é para qualquer um, e tarefa para um mestre, para Wilkie Collins. Do mesmo autor, gosto muito de "A Mulher de Branco" porque tem elementos sobrenaturais. Esse romance também foi todo escrito em primeira pessoa e e considerado a obra-prima de Wilkie Collins. Se não me engano, esse tipo de literatura era chamada na época vitoriana de “sensation novel” e fez muito, mas muito sucesso. O Segredo de Lady Audley, de Mary Elizabeth Braddon, talvez seja a “sensation novel” que tenha feito mais sucesso na época, um verdadeiro best-seller vitoriano.


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