My rating: 5 of 5 stars
Boa Semana!
Cheguei ao final da seleção de livros lidos no fim de semana. Sim, fazer um desafio literário com AC e ACD é divertido, são livros fáceis de ler e com poucas páginas, flui e não nos sentimos "devedores" do que nos comprometemos.
A Resenha para ese livro é de alguém que acompanha e gosta de AC, acho válido dar essa oportunidade, pois o livro "A Mão Misteriosa" tem uma forma diferente de ser apresentado, e embora já o havia lido, não consegui sequer lembrar do motivo do crime, de tão surpreendente que é o final.
Já, apesar de ser um romance de Miss Marple, a presença dela é mais do que discreta, e bem no final do romance, o que é de fato uma pena, pois os livros de AC com Miss Marple foram o que me fizeram, de fato, ser fã inveterada de AC
RESENHA: A Mão Misteriosa
De: Mari
http://alemdacontracapa.blogspot.com/
Certa vez li uma reportagem que incluía uma lista dos dez livros que Agatha Christie considerava seus melhores. Entre eles, clássicos como “O Assassinato de Roger Ackroyd”, “O Caso dos Dez Negrinhos”, “Assassinato no Expresso do Oriente” e livros não tão famosos como “A Mão Misteriosa”. Sendo este o único dentre os eleitos pela Dama do Crime que eu ainda não havia lido, tratei de tirá-lo logo da estante e conferir mais um exemplar de sua engenhosidade.
Após um acidente, Jerry Burton e sua irmã, Joana, se mudam para a pequena cidade de Lymstock, onde se supõe que nada de emocionante acontece. Mas pouco tempo após a sua chegada, um deles recebe uma misteriosa carta anônima de tom bastante ofensivo e logo descobrem que há tempos o mesmo tem acontecido com vários moradores locais. Quando um suicídio decorre de uma das cartas, o assunto na cidade já não é outro que a identidade do maldoso escritor.
Cartas anônimas em uma cidade pacata onde todos se tornam suspeitos. Esse é o tipo de premissa que Agatha Christie sabe explorar melhor do que ninguém, transformando uma fórmula simples em um livro que faz o leitor elaborar mil teorias e não querer largá-lo até descobrir se alguma delas está certa.
A autora narra a história pelo ponto de vista de Jerry Burton que revisita os acontecimentos depois que o mistério já teve fim. A visão de Jerry é perfeita para a história já que, como recém-chegado em Lymstock, o personagem não tem vínculos anteriores com os moradores do local, permitindo ao leitor ter suas primeiras impressões sobre eles com base nas dele.
“Nesse caso, meu conselho à polícia seria: estudem a personalidade. Deixem de lado suas impressões digitais, o estudo da caligrafia e seus microscópios. Em vez disso, observem o que as pessoas fazem com as mãos, seus pequenos tiques, o modo como se alimentam, e se às vezes riem sem motivo aparente.” (CHRISTIE, p.154, 2012)
Já li mais livros de Agatha Christie do que posso contar, mas sempre me admira como não consigo evitar terminar essas leituras sem um sorriso no rosto. Não importa quantas de suas tramas já tenhamos lido, de alguma forma Agatha sempre surpreende porque é impossível prever todos os seus truques. Em “A Mão Misteriosa” desenvolvi uma teoria por volta da página 70 e ao longo da leitura fui me convencendo de que a autora tentava desviar a minha atenção daquilo, mas que eu estava sendo esperta e captando suas artimanhas. Nem sei se posso chamar de surpresa ver Agatha revelar nas últimas páginas algo que eu nem havia cogitado, tão envolvida estava com a minha própria teoria (que em nada estava certa, diga-se de passagem).
A revelação, como quase sempre nos livros de Agatha Christie, é simples e estava ali para ser vista desde o início. Em um dado momento, Miss Marple diz que cometer um assassinato é como realizar um truque de mágica: tudo gira em torno de fazer a pessoa olhar para a coisa errada, no lugar errado. Alguma dúvida de que a Dama do Crime conhecia alguns truques de ilusionismo?
E por falar em Miss Marple, a participação da personagem foi a única coisa que me desagradou na história. Só o fato de ela aparecer pela primeira vez depois da página 160 mostra sua irrelevância para a trama. Miss Marple não participa dos acontecimentos, apenas aparece para desvendar o mistério graças ao seu conhecimento da natureza humana. Me pareceu uma participação desnecessária, pois a história funcionava muito bem sem a personagem e o mistério poderia ter sido descoberto de outras maneiras.
Não considero “A Mão Misteriosa” uma das melhores histórias de Agatha Christie, mas é uma típica história da autora, recheada com muito do que ela sabe fazer melhor do que ninguém.
Título: A Mão Misteriosa
Autora: Agatha Christie
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