01/03/2023

Resenha: Um sopro de neve e cinzas (Outlander #6 - Diana Gabaldon)

Um sopro de neve e cinzas Um sopro de neve e cinzas by Diana Gabaldon
My rating: 5 of 5 stars



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Esse livro é extenso, conta tantos detalhes do Romance, que poderia ser o primeiro livro pra quem quer conhecer a História de Claire e Jamie.. 

Achei que leria em 15 dias, mas passei de 1 mês... mas valeu a pena.

Como já assumi que não sou boa em resenhas, escolhi a Resenha feita Por Tuísa Sampaio, na qual já nos avisa que contém Spoillers:


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Resenha com Spoillers:

Claire e Jamie. Brianna e Roger. Jovem Ian e Rollo. As aventuras dessa família e de vários outros personagens continuam nesse sexto romance da série Outlander, Um Sopro de Neve e Cinzas (título original: A Breath of snow and ashes). O ano inicial é de 1773, o livro, dividido em um prólogo, doze partes e dois epílogos, tem como abertura o momento em que Jovem Ian escuta um grupo de homens passando próximo ao local onde estava na floresta e precisa se esconder, levando-o a ter uma conversa com Deus, e o encontro dos Frasers com uma cabana queimada cheia de cadáveres em algum lugar da colina. Quando retornam à sua casa, uma reunião com o Major Macdonald os aguarda, trazendo notícias de novos colonos escoceses e um convite para Jamie tornar-se um agente entre os índios.

Como em todo romance dessa série, novos personagens surgem e dentre eles está Bobby Higgins, enviado com uma carta para Jamie por Lorde John, Bobby havia sido marcado como assassino no rosto, condenação que Lorde John considerava injusta. Infelizmente, Bobby é ameaçado pelos Browns e seu comitê de segurança que não acreditam em sua inocência e não querem um homicida nas redondezas, ansiosos por mostrar efetividade em suas ações. A decisão de Jamie de tornar-se um agente indigenista, então, apesar dos possíveis riscos, ocorre justamente para impedir que Richard Brown o seja. Tentando descobrir mais sobre a guerra que está por vir, Jamie conversa com Roger sobre o que ele sabe que vai acontecer, o que o leva a lembrar-se de uma vidente que conhecera em Paris e que havia lhe dito que ele iria morrer nove vezes antes de ir para o túmulo. Essa previsão é uma quem vem levantando discussões nos fóruns de fãs de quais seriam as mortes de Jamie e em qual vida ele estaria. Como já vimos e também como Claire conclui, Jamie Fraser não é um homem fácil de se matar.

Dentre as trocas de correspondências entre Lorde John e os Fraser, Brianna recebe fósforo, uma substância que havia requisitado ao amigo, para que pudesse fabricar palitos de fósforo, facilitando assim o processo de acender qualquer fogo que fosse necessário. Um dos pontos que eu gosto muito em Brianna é esse seu lado “inventora/construtora”. Ela consegue facilmente trazer seus conhecimentos de química e física do século XX, além de sua habilidade com desenho para melhorar a sua vida e de toda a sua família, mesmo que isso a faça ser vista como “estranha” pelas pessoas das redondezas. Um exemplo, além dos fósforos, é sua tentativa de fazer Robin McGillivray montar as armas que ela havia desenhado, conhecimento incomum até para meninas de sua época. Ela mostra seu lado progressista com orgulho e (na maioria das vezes) não dá ouvido aos comentários maldosos. Obviamente, isso vem um pouco de Claire, entretanto, as “inovações” trazidas por Claire ao século XVIII, são no geral, relacionadas à medicina, como a sua produção de penicilina que se inicia em Tambores do Outono e as tentativas da criação de éter em Um sopro de Neve e Cinzas para poder adormecer os pacientes em quem precisa realizar cirurgias, como a de apendicite que ela faz em Aidan McCallum. Também não é possível deixar de lado a influência que o conhecimento de Frank sobre a volta de Claire ao passado fez com que ele ensinasse coisas incomuns à sua filha para uma mocinha da cidade dos anos 60- com receio que ela também viajasse- como andar a cavalo e atirar. Brianna é uma mulher bastante independente, assim como sua mãe e isso ao longo desse livro, acaba influenciando seu casamento com Roger, que não é tão moderno quanto Jamie, no quesito adaptar-se à individualidade de sua esposa. Eu entendo que a diferença maior é que para Brianna foi muito mais fácil encaixar-se no dia a dia de Fraser’s Ridge do que para ele, e isso faz com que ele se sinta inútil diante dela, enquanto Jamie nunca enfrentou esse problema. O desejo de Roger de tornar-se ministro finda por lhe dar um propósito que facilita a comunicação entre o casal, pois permite a Roger encontrar sua própria independência e sentir-se mais útil dentro de sua comunidade. Brianna mostra à lealdade que tem ao marido estando pronta para apoiá-lo em sua escolha de carreira e se dispondo a ajudar no que for preciso para que ele seja bem-sucedido.

Esse é um livro que mostra, assim como a Cruz de Fogo, muito da comunidade dos Frasers, entretanto com mais ação e sem a monotonia do romance anterior. Nele, Claire vai conseguir uma nova aprendiz e assistente em Malva Christie- com quem cria um carinho, para depois ser traída de uma forma covarde, levantando dúvidas acerca da lealdade de Jamie - e um paciente extremamente teimoso em seu pai- que se revelará leal à Claire e aos sentimentos que havia escondido dela, em busca de salvá-la de uma sentença injusta por um crime que a Sra. Fraser não havia cometido. Três dos acontecimentos principais do enredo cada vez mais intricado são o sequestro de Claire por uma gangue - onde ela finda por encontrar outro viajante do tempo-mais à frente; o de Brianna, por Stephen Bonnet e o momento em que toda a família aguarda o suposto incêndio que deveria matar Jamie e Claire, mas que não ocorre na data prevista no jornal, e sim tempos depois, tendo todos os presentes –Jamie e Claire inclusive- saído com vida, mas resultando na destruição de sua casa. Jamie, ademais, tem que lidar com a decisão de virar um rebelde, pois ele sabe que a guerra será ganha por eles, mas qual seria o momento certo para se declarar? E a descoberta da verdadeira paternidade de Jemmy, além de uma nova gestação de Brianna estão entre os pontos de destaque dos enredos dos Frasers e Mackenzies.

O crescente companheirismo entre Jamie e Roger também chama atenção. Quando se conhecem em Os Tambores do Outono, a inimizade causada pelo mal-entendido da identidade de Roger faz com que mesmo com devidas emendas realizadas, eles dois não se deem lá muito bem. Ao longo dos livros seguintes, eles vão gradativamente tornando-se parceiros e confidentes. Em Um sopro de Neve e Cinzas, ambos aconselham-se quando necessário e uma relação de pai e filho vai se materializando em suas devidas proporções, mais ligada ainda quando se unem para resgatar Brianna, o laço de lealdade que os une.

O nascimento do quarto filho de Fergus e Marsali traz momentos de conflito dentro da comunidade, sendo ele um anão, em um assentamento de pessoas interioranas e supersticiosas, medo e preconceito afloram. E assim cada vez mais os Frasers se ligam para proteger uns aos outros. Como em todo livro dessa série, Diana escolheu uma palavra para ser tema e em Um Sopro de Neve e Cinzas foi lealdade. Sobrevivência seria um sub-tema que ela quase usou como definição, mas a lealdade ainda estava acima, por isso que ao longo do texto venho destacando esses dois pontos. Acredito que ambos estejam fortemente interligados pelo livro. O pequeno Henri-Christian, filho caçula de Fergus e Marsali tem a lealdade de seus pais e outros membros de sua família, mas precisa lutar para sobreviver dentro de Fraser’s Ridge. Fergus sente que não pode ser o homem que eles precisam, em uma área onde o modo de vida é a agricultura e ele tem apenas uma mão, o desespero então o domina. A saída para a sobrevivência da família será um trabalho na cidade, onde há menos preconceito e Fergus poderá realizar o ofício de tipógrafo.

Lizzie é uma personagem com um desenrolar de acontecimentos peculiares neste livro. E quando digo que o romance fica cada vez mais intricado (e a meu ver isso vem acontecendo ao longo dos livros, principalmente a partir de Tambores do Outono) é porque mesmo com a maioria das cenas sendo de Jamie e Claire ou relacionadas a eles, tramas paralelas fortes surgem. Em Um Sopro de Neve e Cinzas, além da história de Roger e Brianna que caminha quase em pé de igualdade com Jamie e Claire, são muito presentes em determinados momentos da trama, a de Fergus e Marsali, Ian e a luta para superar seu passado com os Mohawks e o romance de Lizzie com os gêmeos Beardsleys, que choca Fraser’s ridge, pelo conceito de poliamor não ser um conhecido no século XVIII.

O nascimento da filha de Roger e Brianna, Mandy, faz com que eles tenham que tomar a decisão de voltar ao século XX, uma vez que a menina precisa de uma cirurgia cardíaca para sobreviver, a qual Claire não tinha condições de realizar no tempo em que estavam e com os recursos que tinham. Com a partida dos Mackenzies e a destruição da casa dos Frasers, Claire e Jamie decidem voltar à Escócia para trazer a prensa de Jamie para as treze Colônias e entrar na luta da revolução americana. Na conclusão do livro, temos um relance da vida de Roger, Brianna e seus filhos em Lallybroch, onde se estabeleceram- no século XX- e a explicação de como a data foi escrita errada no jornal que anunciou a morte equivocada de Jamie e Claire.                                              

Dentre as referências literárias que podem ser encontradas no livro, está o título da quinta parte “Great Unexpectations” (Grandes Inesperanças), a qual provavelmente relaciona-se com o título de Charles Dickens “Great Expectations” (em português: Grandes Esperanças). Não é à toa que Dickens foi um dos autores a quem Gabaldon dedicou o livro. Eu já comentei em resenhas anteriores, mas ao longo da série existem várias referências literárias e citações. Muito comum além de quotes bíblicos, são também os de Shakespeare, principalmente Hamlet e O mercador de Veneza. Infelizmente, como a maioria deles não é referenciado em uma nota de rodapé ou no próprio texto- e as inúmeras traduções do dramaturgo britânico também dificultam o reconhecimento- é difícil para o leitor encontrar todas.

Uma curiosidade acerca da parte histórica dos livros de Outlander é que os nomes dos governadores da Carolina do Norte que aparecem desde Tambores foram mantidos, e eles realmente existiram. Pode parecer obvio para alguns, mas eu imaginei que William Tryon e Josiah Martin fossem invenção da cabeça de Diana, porém sua pesquisa histórica nunca decepciona, e até onde eu vi todos os chefes de milícias citados nos livros (coronéis, capitães e etc...) também são reais. Certamente, o comportamento deles diante dos Frasers foi realmente obra da criatividade da autora, mas seus atos históricos, não. Josiah Martin, que aparece em Um Sopro de Neve e Cinzas, foi o último governador da Carolina do Norte antes da revolução americana. Outro personagem histórico importante a fazer aparição em Um sopro de Neve e Cinzas foi Flora McDonald (especificamente em uma recepção em River Run), famosa por ter ajudado o príncipe Charles Stuart a fugir disfarçado de mulher após a derrota na batalha de Culloden.

Em um livro no qual lealdade e sobrevivência se entrelaçam, uma mente estratégica como a de Jamie Fraser é extremamente poderosa. É graças a ele que muitos dos conflitos são solucionados. A sua lealdade para com Claire e para com a sua família é absolutamente admirável, mas sempre esperada. Lindo foi também ver relances da sempre presente lealdade de Lorde John para com seu amigo Jamie em suas trocas de cartas em meio à guerra iminente, a qual pretende testar os laços que os unem. Com a Revolução Americana cada vez mais próxima, essas lealdades devem ser mais expostas e as tensões irão aumentar. Um Sopro de Neve e Cinzas é um livro forte e cheio de ação, mas também repleto de amor e respeito aos laços familiares e às escolhas que precisamos fazer para sobreviver, sabendo dosar na medida certa a calmaria do dia a dia do assentamento, com os embates que a disturbam.

31/01/2023

Bom dia, Boa Terça!

 

Bom dia e Boa Terça!

Como sabem, estou em uma fase (que preciso que seja para sempre) de monitorar minhas refeições e exercícios, em resumo em REEDUCAÇÃO ALIMENTAR e em busca de me movimentar.

Apesar de ser uma das fases que mais dominam minha vida (afinal sou obesa), não trato do assunto nesse BLOG, pelos motivos óbvios, aqui prefiro falar de livros, sonhos e desabafos emocionais....

Apesar de se sondarem direitinho não é um blog muito "emocional", ele diz muito de mim e de realizações de sonhos, nem sempre narrados.. 

Por exemplo? Hoje posso ler sem me proibirem, sem ter que explicar porque leio. 
Não, eu não tinha liberdade de ler o que queria até meus 24 anos. Sempre havia uma crítica, uma troça.. não vale a pena reproduzir frases de pessoas simples e outras ignorantes.

Ler para mim é libertar minha alma, é viajar com os personagens, me assustar com as sombras, me apaixonar - enfim, tudo aquilo que a leitura nos trás e quem não lê não sabe e não entende.

Faz um tempinho que não faço resenha, pois estou lendo o Livro 06 de Outlander - Um Sopro de Neves e Cinzas

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Vocês sabem que é um livro com 1800 páginas e eu "ouço" no Edge - sim, escolho a voz da Francisca e curto minha leitura enquanto trabalho - sério - foi a melhor coisa que a Microsoft fez em toda a minha vida de uso de Windows.

Ao começar a usar, precisa de uns pequenos truques:
- Pausar de vez em quando para salvar a leitura
- Ao parar a leitura, anote uma palavra para pesquisar caso a página volte ao início do livro
- Não se consegue pesquisar páginas, mas somente palavras

Outra ferramenta muito útil para leituras de grandes volumes está lá no GOODREADS:


- Você insere o livro ou livros em sua lista de leitura
e
- Faz um registro do seu progresso, como podem ver, ontem (30/01) li até a página 521. 

Minha programação era ler um livro OUTLANDER em 15 dias e seguir minhas metas com os livros de Agatha Christie e o Desafio de Leitura de 2023 - que será uma média de 52 livros.

Apesar de estar faltando um da AC (planejava ler a dica do site oficial), nada atropela esse projeto. 

Não precisa ser um planejamento perfeito, mas algo que funcione e me dê prazer em ler, não é uma corrida... 

Às vezes vejo algumas pessoas com metas de 150 ou mais livros e fico encasquetada, leio no trabalho, uma média de 6 horas de áudio e li 66 no ano passado, pois coloquei uns livrinhos de banca para fazer o desafio tema do Advento de 2022.

E já fiquei pra lá de feliz em cumprir pelo menos uma meta de 1 livro por semana, tá bom pra mim... e para quem quer se desafiar, pense em algo bem simples que lhe dê prazer e não algo para competir!
Bem, por hoje é isso e até a próxima!







17/01/2023

Review: Uma Dose Mortal - Agatha Christie

 Uma Dose Mortal Uma Dose Mortal by Agatha Christie
My rating: 5 of 5 stars



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Boa Tarde e boa semaninha!

Sem muita inspiração para papear, mas escolhi uma ótima resenha de outra fã de AC!

Como estou na fase "quero ser magra" também, para não falar muito do tema por aqui posto no outro BLOG... meu blog light - 👀

Até a próxima leitura, que adianto: Outlander 6 - 1803 páginas - bora que esse desafio ainda nem começou.... 😜
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RESENHA: Uma Dose Mortal

“É como se a morte tivesse escolhido, da forma mais tosca, o homem errado. O grego misterioso, o banqueiro rico, o detetive famoso...como seria natural se um deles tivesse sido baleado.” (CHRISTIE, pag. 31, 2011)

Em uma manhã como qualquer outra, Hercule Poirot enfrenta o seu medo e vai ao dentista. O que o detetive não sabia era que ele seria um dos últimos pacientes a ser atendido pelo Dr.Morley que, poucas horas depois, estaria morto em seu próprio consultório. Aparentemente a causa da morte fora suicídio, mas parece muito difícil de acreditar que ele tenha mesmo feito isso. Mas então, quem teria motivos para matar Morley? Fora ele pego em meio ao atentado de uma figura poderosa ou teria sido vítima de um inimigo pessoal? E ainda, que fim levara uma de suas pacientes que também consultara com ele no dia de sua morte e depois desaparecera? Essas são algumas das perguntas desta trama de Agatha Christie e, se me permitam o trocadilho, em “Uma dose mortal” a autora soube dosar tudo muito bem.

A mocinha cujo namorado não é bem aceito, o viúvo rico e o ex-espião são alguns dos personagens que a autora une nessa trama onde nada é o que parece ser. Eu ainda me impressiono com a habilidade de Agatha Christie de levar o leitor para um caminho durante o livro inteiro e quando chegar lá no final dizer: “Não, não seu bobinho. Não é por aí é por aqui.” E lá vai você para o lado oposto onde tudo faz sentido. Em “Uma Dose Mortal” ela apresenta uma trama bem articulada para fã nenhum botar defeito e reveste de mistérios intrigantes crimes de natureza simples.

Esse foi uma daqueles livros em que eu consegui captar cada uma das pistas que a autora nos deixa. Identifiquei cada coisinha que estava errada e que levaram à solução do caso, mas ainda assim não fui capaz de juntá-las e resolver o enigma. Se você nunca leu Agatha Christie deve estar pensando: “Puxa, que burrinha.”, mas se você já leu, sabe muito bem do que eu estou falando. Não fui eu que fui burra, Agatha é que foi esperta demais. Ela e, claro, o grande Hercule Poirot.

O livro tem ainda a participação do Inspetor Japp da Scotland Yard, um personagem menos conhecido da obra de Agatha, mas que em alguns livros acompanha Poirot. Claro que o inspetor não se compara ao excêntrico detetive, mas é sempre legal ver a interação desses dois personagens.

Agatha Christie era um poço de artimanhas e uma dose da autora nunca é demais. E quanto mais mortal ela for, melhor.



Título: Uma Dose Mortal
Autora: Agatha Christie

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